Fique ligado no SD Notícias e confira
tudo o que rola na mídia!!!
Comunicação não violenta – CNV – é uma forma de se comunicar que ajuda a melhorar os relacionamentos. Nos mostra uma forma de realizar essa interação sem machucar os outros e sem “engolir sapos”.
Além disso, nos ensina a ouvir qualquer coisa dos outros sem ficar ofendido.
A CNV tem um pressuposto muito importante que é a empatia.
E a empatia nada mais é do que a capacidade de se colocar no lugar do outro, percebendo o que aquela pessoa está sentindo e quais necessidades dela não estão sendo atendidas e estão levando-a a agir e reagir daquela determinada forma.
No entanto, algo fundamental nessas interações é que você consiga se perceber também, perceber suas sensações, agradáveis ou não. Além de identificar suas vontades e ser capaz de expressá-las também ao seu ouvinte.
Praticar a CNV é um verdadeiro caminho de autoconhecimento, pois você precisa conhecer as suas emoções.
Perceber de forma consciente a forma como você age e reage para então poder adaptar-se. Identificar os gatilhos que te despertam tais reações e o que você precisa para ficar bem. Permitindo que você se cuide e se acolha com carinho e compaixão.
Parece simples, mas pode ser desafiador quebrar padrões enrijecidos que já estão programados no piloto automático.
A “comunicação violenta” pode ser caracterizada por uma comunicação onde o indivíduo se utiliza de indiretas e julgamentos, onde coisas ficam subentendidas, que eram tão óbvias que não tinham como o outro não ter percebido. Carregadas de acusações como “a pessoa está falando isso só para me machucar” ou “fulano não gosta de mim mesmo”, e por ai vai.
Uma criança de 6 anos na casa dos avós brincando muito, a mãe combina com ela que ficarão mais 15 minutos para ela terminar a brincadeira e depois irão embora. Após os 15 minutos, a mãe chama a criança e ela começa a chorar dizendo que não queria ir embora.
A mãe diz para criança que entende que a brincadeira estava muito divertida e entende que ela se sinta chateada de ter que interromper a diversão para ir embora e que ela mesma gostaria de ficar um pouco mais, mas como já estava tarde e os avós e eles mesmos, a criança e os pais, também estavam cansados precisavam ir naquele momento. Mas que com certeza retornariam outro dia onde seria possível se divertir novamente. A criança compreendeu e aceitou ir.
Talvez você esteja se questionando se algo tão simples seria realmente efetivo.
A resposta é sim, é efetivo porque antes de a mãe dar os argumentos de que era tarde, que estavam cansados, que outro dia eles iriam retornar, afinal era a casa dos avós. Essa mãe validou o que a criança estava sentido antes e a criança se percebeu compreendida em sua frustração, percebeu que a mãe entendia que estava muito legal brincar, que era frustrante demais interromper e é nesse momento que ela também conseguiu ouvir o que a mãe tinha a dizer.
E é esse detalhe que faz muita falta nas relações, e não apenas com as crianças mas principalmente entre os adultos.
Nesse caso a mãe poderia pensar e reagir de diversas formas diferentes, que podem ser muito prejudiciais.
1 – Você adora me contrariar!
2 – Você sempre quer mais!
3 – Você nunca valoriza o que eu faço por você!
4 – Passamos o dia todo aqui!
Poderia reverter em ameaças como, você vai ficar de castigo se não parar de chorar e ir agora! Você vai apanhar! Você vai ficar sem vir aqui por “N” dias! E por ai vai…
Percebe a diferença agora?
Muitas vezes você vai precisar validar o que o outro está sentindo para que ele se abra para ouvi-lo e então você possa também expressar as suas emoções com o ocorrido.
Afinal quem detém o conhecimento é quem deve conduzir a situação.
O importante aqui é perceber que a forma como as pessoas reagem tem muito a ver com os sistemas de defesa dela. Mas a verdade é que há uma grande diferença entre reagir e responder.
Reagir é um impulso, já para responder é necessário pensar.
E quando você para e pensa você vai para um nível onde você pode escolher como fazê-lo.
Tem a ver com desenvolver a capacidade de observar os fatos sem julgar.
Marshall Rosenberg (autor da CNV) conta sobre o primeiro dia em que seu filho mais velho, na época com 6 anos, foi a uma escola regular (antes ele só tinha frequentado uma escola que aplicava CNV, criada pelo pai).
Antes mesmo de entrar na escola, um professor se aproxima dele e o chama de “mulherzinha” por causa do seu cabelo comprido.
Quando Marshall pergunta o que o filho fez a respeito, o garoto responde que se lembrou do que o pai lhe dizia:
“nunca dê a eles o poder de te fazer submeter ou revoltar”.
– Eu pus as minhas orelhas de girafa, pai, e tentei ouvir o que ele estava sentindo e necessitando.
– Você se lembrou disso? O que você ouviu?
– Muito óbvio, pai. Ele parecia irritado e queria que eu cortasse o cabelo.
– E como você se sentiu?
– Pai, eu fiquei triste por ele. Ele era careca e parecia ter um problema com o cabelo.
Esta história poderia ter tido diversos desdobramentos diferentes e mostra o poder que a CNV possui e tenho certeza que você também conseguiu perceber isso.
E entendo que talvez neste momento você esteja lembrando-se de algumas situações que viveu, talvez se culpando, ou ainda, cogitando as possibilidades que surgem a partir desta ferramenta.
E eu me despeço de você dizendo que a autopunição é uma forma de violência também. Então não se culpe, perdoe-se, está tudo bem de verdade. Você fez o melhor que pode com o conhecimento que tinha até então.
Mas a partir de agora é sua obrigação saber mais, estudar mais, praticar e introduzir na sua vida e nas suas relações. Principalmente com as crianças, sejam seus filhos ou seus alunos.
Pois a infância é um terreno que pisamos a vida toda, e muitos dos nossos gatilhos para essas reações vem de lá, das experiências que você vivenciou e presenciou quando criança, as quais foram absorvidas e incorporadas.
Mas esse é um assunto para nos aprofundarmos em outro momento.
Lembre-se que agora você é adulto e pode escolher como se comunicar e como passar isso para as crianças. Quer sejam seus filhos ou seus alunos.
Aprofunde seus estudos e use a CNV para revolucionar sua comunicação e as suas relações.
Texto: Karina Duarte.